Autor: Graciliano Ramos
Vejo a tarde sumindo;
É triste o seu andar.
A noite vai lhe engolindo
E o Sol a se amontanhar.
A Natureza dorme,
No seu habitat.
A arara grita o seu nome
E voa pra outro lugar.
A mãe-da-lua se some,
Depois começa a cantar.
É tão pequenina,
Mas faz tudo se acordar.
Ela chama a lua
Pra vir clarear.
Se esta mata é sua,
Por que lhe expulsar?
O mistério da noite
É de arrepiar!
Grita Mapinguari,
Capelobo quer se levantar.
A cunha faz qui... qui.. qui..
Mas seu lindo sorriso
Não é pra magoar.
Índio velho que se transformou
E não pode mais andar.
Pra subir a serra,
Pra rever o mar,
Ver a motosserra
Que vem devastar.
O velho quer guerra
Mas nem pode andar.
Pra ver aquela estrada
Que ali vai chegar.
A jovem índia estuprada
Vai se apavorar.
Barulho das máquinas
Vai se espalhar.
Homens com sacola
Vão querer ficar,
Deixando cacos de coca-cola
Para o povo se acidentar.
É o princípio do fim,
Tudo vai se acabar!
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