Autor: Graciliano Ramos
Saio do meu mocambo
Mais um dia rotineiro
Com meu remo no ombro
E a pele cor de morango
Por este sol brasileiro.
Sou pescador do Norte
No meio deste pampeiro
Minha pele muito forte
Desafia até a morte
Na proa deste veleiro.
Quem acha o peixe caro
É só ir para o mar pescar
Pegar ferrada de arraia
Dormir na beira da praia
Sentir o tombo do mar.
Chega a tempestade
Com chuva torrencial
O mar não tem piedade
Mas tenho felicidade
No meio deste caudal.
Lá vem a pororoca
Fenômeno natural
Passou pela Mocooca
No mar se desemboca
Revirando o manguezal.
Se tomo uma cachaça
Para me espertar
A cuia é minha taça
Do porronca sai a fumaça
Para o maruim se afastar.
Já pesquei no Amazonas
Conheci Jacques Cousteau
Passei pelas siripanas
Participei de várias façanhas
Conversa de pescador.
Ó Virgem Santa Padroeira
Um dia se Deus quiser
Me arranje outra brejeira
Daquele tipo faceira
Não me deixe sem mulher!
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