quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MENINO ENJEITADO

 

Autor: Graciliano Ramos

Eu fui menino enjeitado

Eu já nasci malcriado

Não respeitava senhor

Ai! Como eu fui errado

Enganei mas fui enganado

Aqui é mesmo o inferno

Que julga um pecador.

 

Na arte do namorado

Amei mas fui desamado

No amor eu fui sofredor

Queria ser um doutor

Mas não frequentei a escola

O mundo foi meu professor.

 

Enfrentei a miséria do mundo

Eu passei fome no fundo

E nesta grande partida

Rumo à escola da vida

Me chamaram vagabundo.

 

Não tinha teto

Só tinha o chão

Não tinha amor

E nem paixão

Sempre descalço

Na rua sem direção.

 

Não tinha pai

Você não viu?

Não tinha mãe

Ela sumiu.

 

Pare! Não insista

Tem criança na pista.

Vá devagar

Que eu tenho pressa pra chegar!

 

Apelo do autor: Amigo mosqueirense, escolha os melhores candidatos para o Conselho Tutelar de nossa Ilha, no próximo dia 03 de dezembro!

 

Círio de Mosqueiro

 

Autor: Graciliano Ramos

 

Nessa manhã santa

Mosqueiro se encanta

Ninguém está só

O morador dá suspiro

Pois é o grande Círio

De Nossa Senhora do Ó.

 

Do Chapéu Virado

Este povo é levado

Pela corrente de fé

Segue a procissão

De vela acesa na mão

A multidão vai a pé.

 

Por onde ela passa

Alguém pede a sua graça

Outros a bênção

Nessa grande andança

O fogueteiro não cansa

De soltar o seu rojão.

 

clip_image002

Chegada do Círio à Praça da Matriz. (FOTO: Jornal do Mosqueiro- 1987).

 

Ao chegar na Matriz

Este povo feliz

Que reza a manhã inteira

Pisa naquela serragem

Desenhada a imagem

Da Santa Padroeira.

 

O padre de pé

Recebe a Imagem com fé

E a conduz ao altar.

Muitos envergonhados

Revelam os seus pecados

Porém voltam a pecar.

 

A Barraca da Santa

Tinha muito mais graça

Na velha tradição

Pois a banda da Vigia

Tocava todo santo dia

Para a grande multidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário