Autor: Graciliano Ramos
Sou de uma era secular
Numa floresta cresci
E vivi sem me cansar
Mas o progresso
Aqui também veio morar
Nesta terra onde nasci
Não me deixam sossegar.
A estufa
Já começa a me queimar
E o clima
Desta ilha-maravilha
Até quando
Vou poder purificar?
Esta selva
De concreto me aperta
Mas os japiins fazem a festa
Tentando me alegrar.
Sou a samaumeira gigante
Frondosa da natureza
Minhas lãs formam
Uma nuvem cintilante
Que o vento leva
Deixando o céu uma beleza.
Não corte os meus galhos
Pois são agasalhos
Da passarada que canta
E não se cansa.
Não ofereço perigo
Mas sim abrigo.
Nesta bucólica que encanta
Eu sou amazônica.
Distante sou bendita
O pescador me avista.
Não pedi pra nascer
Mas nasci pra viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário