Autor: Graciliano Ramos
Dando adeus ao canoeiro
Que lentamente remando passa
O majestoso açaizeiro
Na margem do ribeiro
Balança quando o vento o abraça.
Um dia ao firmamento
Tão depressa queria chegar
Mas cresceu fino e lento
Se curvando para o vento
Não para de bailar.
Vive sempre açoitado
Pelo forte pampeiro
Nem que eu venha apressado
Paro pra ver teu bailado
Majestoso açaizeiro!
És palco da passarada
Que todo dia vem cantar
Depois da noite calada
O sabiá puxa a toada
E tu começas a dançar.
Ninguém ouve meu grito
Pela tua preservação
Exportam todo o teu palmito
Já escasseia teu líquido
Na mesa da população.
Afasta-te, grileiro!
Preserve o verde vegetal!
Neste pedaço brasileiro
Eu tenho um açaizeiro
No fundo do meu quintal.
(Este poema foi escrito em 1983 e declamado pelo poeta num CLIP produzido e exibido na época pela TV Cultura do Pará.)
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