quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
MOSQUEIRO
Autor: Graciliano Ramos
Pelo canto da ariramba
Pelo sorriso do teu olhar
Vejo a Bucólica mais linda
De beleza que não finda
Como a prata deste luar.
C ’roa Grande no Marajó (WANZELLER-2010).
Tão distante a C’roa Grande
De lá parte um veleiro
É o Barão de Guajará
Atravessando o rio Pará
Para chegar ao Mosqueiro.
Ilha do Mosqueiro vista do rio Pará (WANZELLER-2010)
O ESTUDANTE
Autor: Graciliano Ramos
Eu fui pra cidade
Estudar já me formei
Hoje retorno com saudade
Para quem eu sempre amei.
O navio está chegando
A maresia vai sumindo
O meu amor me esperando
A sua mão se erguendo.
Agora vou descontar
Os meus dias sem ninguém
Já vejo a hora de saltar
Te abraçar, te quero bem.
Eu só comia boi ralado
Em casa e na construção
O meu barraco pendurado
Na rua da solidão.
Eu comia o duro pão
Que o patrão amassou
Bebi água do camburão
Que nunca se clareou.
Mas valeu o sacrifício
Que passei para me formar
Troquei agora os edifícios
Pelas casas do meu lugar.
domingo, 19 de dezembro de 2010
S. O. S. SAMAUMEIRA
Autor: Graciliano Ramos
Sou de uma era secular
Numa floresta cresci
E vivi sem me cansar
Mas o progresso
Aqui também veio morar
Nesta terra onde nasci
Não me deixam sossegar.
A estufa
Já começa a me queimar
E o clima
Desta ilha-maravilha
Até quando
Vou poder purificar?
Esta selva
De concreto me aperta
Mas os japiins fazem a festa
Tentando me alegrar.
Sou a samaumeira gigante
Frondosa da natureza
Minhas lãs formam
Uma nuvem cintilante
Que o vento leva
Deixando o céu uma beleza.
Não corte os meus galhos
Pois são agasalhos
Da passarada que canta
E não se cansa.
Não ofereço perigo
Mas sim abrigo.
Nesta bucólica que encanta
Eu sou amazônica.
Distante sou bendita
O pescador me avista.
Não pedi pra nascer
Mas nasci pra viver.
CASCATA DE AMOR
Autor: Graciliano Ramos
Me perco nos teus caminhos
Aqui murcham as tuas rosas
E nas tardes sem teus carinhos
Lembro tuas mãos carinhosas
Aqui na serra vivo a sonhar
A noite esconde o triste dia
Meu pensamento a te procurar
Mas não encontro a minha Maria
Traz o teu abraço cortante
Aquele beijo rico de paixão
Jorrando água da tua fonte
Para irrigar meu coração
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
MALANDRO HONESTO
Autor: Graciliano Ramos
Sou malandro honesto
Gosto de trabalhar
Se casares comigo
Terás um grande amigo
Fome nunca vais passar
Eu trabalho de pedreiro
Sou mestre pra rebocar
Só um servente ligeiro
Trabalhando o dia inteiro
Pra poder me acompanhar
Meio-dia Sol a pino
A vida vou lhe ensinar
Mas sou um pouco ladino
O segredo não lhe ensino
Pra você não me enrolar
Nasci do lado norte
Mas um dia vou voltar
Aqui a vida é a morte
Lá o vento sopra forte
Pra palmeira balançar
Eis minha casa na esquina
Pra você ir morar lá
Doce lar que me fascina
De madeira quina a quina
Aroeira e jatobá
Sou filho do Norte
Bravo que nem o mar
Maçaranduba pra porte
Diamante de corte
Não sou fácil de quebrar.
CABRA MACHO
Autor: Graciliano Ramos
Vi o Sol se esconder no horizonte
Eis a noite chegando para nos ocultar
Uma ave sumiu lá no monte
Tirando rasante foi se abrigar
Um vento frio sopra areia na gente
Olhei para o ocidente
Clareou vi relampejar
Ao luar ao luar
No teu colo eu quero sonhar
Muita coisa pode acontecer
Escutando o gemido do mar
Vou te amar até o amanhecer
Pois ninguém vem perturbar
Somos lobos entre dentes
Dois corpos ardentes
Que vão se devorar
Ao luar ao luar
No teu colo eu quero sonhar
A coruja canta bem neste momento
Depois voa pra outro lugar
Ela vem com seu canto agourento
Como querendo nos assustar
De repente uma estrela cadente
Corta o imenso silente
Eu vi clarear
Ao luar ao luar
No teu colo eu quero sonhar
Testemunha a lua novamente
Tudo aquilo que vamos fazer
Eu beijando este corpo ardente
Me embrenhando dentro do teu ser
Nesta arte eu sei o que faço
Pois só cabra macho faz mulher gemer
Ao luar ao luar
No teu colo eu quero sonhar
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
MENINO ENJEITADO
Autor: Graciliano Ramos
Eu fui menino enjeitado
Eu já nasci malcriado
Não respeitava senhor
Ai! Como eu fui errado
Enganei mas fui enganado
Aqui é mesmo o inferno
Que julga um pecador.
Na arte do namorado
Amei mas fui desamado
No amor eu fui sofredor
Queria ser um doutor
Mas não frequentei a escola
O mundo foi meu professor.
Enfrentei a miséria do mundo
Eu passei fome no fundo
E nesta grande partida
Rumo à escola da vida
Me chamaram vagabundo.
Não tinha teto
Só tinha o chão
Não tinha amor
E nem paixão
Sempre descalço
Na rua sem direção.
Não tinha pai
Você não viu?
Não tinha mãe
Ela sumiu.
Pare! Não insista
Tem criança na pista.
Vá devagar
Que eu tenho pressa pra chegar!
Apelo do autor: Amigo mosqueirense, escolha os melhores candidatos para o Conselho Tutelar de nossa Ilha, no próximo dia 03 de dezembro!
Círio de Mosqueiro
Autor: Graciliano Ramos
Nessa manhã santa
Mosqueiro se encanta
Ninguém está só
O morador dá suspiro
Pois é o grande Círio
De Nossa Senhora do Ó.
Do Chapéu Virado
Este povo é levado
Pela corrente de fé
Segue a procissão
De vela acesa na mão
A multidão vai a pé.
Por onde ela passa
Alguém pede a sua graça
Outros a bênção
Nessa grande andança
O fogueteiro não cansa
De soltar o seu rojão.
Chegada do Círio à Praça da Matriz. (FOTO: Jornal do Mosqueiro- 1987).
Ao chegar na Matriz
Este povo feliz
Que reza a manhã inteira
Pisa naquela serragem
Desenhada a imagem
Da Santa Padroeira.
O padre de pé
Recebe a Imagem com fé
E a conduz ao altar.
Muitos envergonhados
Revelam os seus pecados
Porém voltam a pecar.
A Barraca da Santa
Tinha muito mais graça
Na velha tradição
Pois a banda da Vigia
Tocava todo santo dia
Para a grande multidão.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
AMAZÔNIA EM CHAMAS
Autor: Graciliano Ramos
Quando Deus criou o mundo
Fez tudo com pureza
Ao dia clarear
Fez a terra céu e mar
Dando vida à natureza.
E ao norte deste país
Que ainda se chama Brasil
Deixou a grande floresta
Na qual o povo já se alerta
Depois que em chamas consumiu.
Deixou o mundo completo
Para a riqueza vegetal
Ele deu perfume às flores
E aos passarinhos multicores
Este reino animal.
Mas alguém se preocupa
Seu Camilo não se cansa
Nunca perde a esperança
Pois aquela ave já não canta
Com fumaça na garganta.
As castanheiras em toras
A moto-serra está maluca
E o mundo já se preocupa
Cadê o mel e a cumbuca?
Não sobrou pau nem pra arapuca.
Foram com pavor
De Norte a Sul
A ariranha e a arara azul
Até fizeram espanador
Do rabo do macaco cuxiú.
VER-O-PESO
Autor: Graciliano Ramos
Noite chuva madrugada
Chegada do pescador
Vendedores na calçada
A verdura espalhada
Malandro vira doutor.
Trabalhar no Ver-o-Peso
É coisa de madrugador.
A bajara no teso
Carregada do interlan
De farol ainda aceso
Chegou ao Ver-o-Peso
Às quatro horas da manhã.
Nas barracas de plantas
Está o cheiro de hortelã.
Tem melão mangaba e manga
Melancia e tucumã
Para o caboclo manhoso
Tem banho cheiroso
Às seis horas da manhã.
Drogados, doutores e soldados
Malandro puta e galã.
De beleza bendita
E riqueza que há
Emaranhado à vista
Da janela é mais bonita
A baía de Guajará!
A PRESERVAÇÃO
Autor: Graciliano Ramos
Deixei de fazer besteira
Vou quebrar a baladeira
Jogar dentro da lixeira
Plantar uma castanheira
De castanha-do-pará.
Macaco de galho em galho
Anta não usa chocalho
Inhambu canta no orvalho
Se a floresta é um agasalho
Por que tanto devastar?
Na Fazenda Macaxeira
O homem fez grande besteira
Cortando castanheira
Hoje apenas capoeira
Reforma agrária já!
Queimaram a vegetação
Hoje apenas poluição
Não tem mais caapora
E tão pouco o curupira
Pois a invasão caipira
Destruiu a nossa flora.
Este homem mesquinho
Que pela selva não tem carinho
Um errante sem caminho
Poluiu o rio Sororó
E também o Sororozinho!
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
DROGAS
Autor: Graciliano Ramos
Drogas, pra que drogas?
Eu não preciso de drogas
Para sobreviver,
Para concorrer,
Para vencer,
Para me conter,
Para eu te ter,
Para te esquecer,
Para o lazer,
Para nascer,
Para morrer
E para dizer
Que amo a vida
Eternamente!
Droga, pra que droga,
Se esta vida já é uma droga,
A água potável é uma droga,
O ar que se respira é uma droga?
Os rios, que droga!
O álcool, uma droga!
Os alimentos, outras drogas!
O trânsito urbano, outra droga!
A impunidade, mais que droga!
A economia mundial, outra droga!
A segurança pública, droga!
A política partidária, outra droga!
Mas vejam só: com tanta droga,
Só os idiotas usam drogas!
Eu não preciso de droga
Para trabalhar,
Para cantar,
Para tocar,
Para me apresentar,
Para falar,
Para dançar,
Para te encontrar,
Para me calar,
Para te abraçar,
Para te amar,
Para te deixar...
Que droga!
O café, a cafeína,
Do cigarro a nicotina,
A bebida assassina,
Essa tal de cocaína
Não se deve nunca usar!
Essa erva tão daninha,
Esse pó que alucina,
Na minha veia sanguínea,
Essa arma assassina
Nunca vai me penetrar!
O AÇAIZEIRO
Autor: Graciliano Ramos
Dando adeus ao canoeiro
Que lentamente remando passa
O majestoso açaizeiro
Na margem do ribeiro
Balança quando o vento o abraça.
Um dia ao firmamento
Tão depressa queria chegar
Mas cresceu fino e lento
Se curvando para o vento
Não para de bailar.
Vive sempre açoitado
Pelo forte pampeiro
Nem que eu venha apressado
Paro pra ver teu bailado
Majestoso açaizeiro!
És palco da passarada
Que todo dia vem cantar
Depois da noite calada
O sabiá puxa a toada
E tu começas a dançar.
Ninguém ouve meu grito
Pela tua preservação
Exportam todo o teu palmito
Já escasseia teu líquido
Na mesa da população.
Afasta-te, grileiro!
Preserve o verde vegetal!
Neste pedaço brasileiro
Eu tenho um açaizeiro
No fundo do meu quintal.
(Este poema foi escrito em 1983 e declamado pelo poeta num CLIP produzido e exibido na época pela TV Cultura do Pará.)
O GARIMPEIRO
Autor: Graciliano Ramos
A mente do garimpeiro
Só pensa em riqueza
Destrói a Natureza
Dizendo ser Brasileiro.
Depois vai para a cidade
Pedindo piedade
E viver na maior pobreza.
Saudades do meu sertão
Aqui tudo é tristeza!
Pra cidade vai preocupado
Sem estudo ou profissão
Procura a construção
Mas na obra é renegado.
Não tem carteira assinada
Vagueia pela calçada
É preso de arrastão.
Saudades da minha enxada
Que não me deixava sem feijão!
Pela selva de concreto
A mulher anda o dia inteiro
A filha pede dinheiro
Neste mundo frio e incerto.
De vida triste e mesquinha
O filho vira trombadinha
Cheira cola de sapateiro.
Este é o retrato
Do excluído brasileiro!
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
CARAJÁS
Autor: Graciliano Ramos
Mais perto do céu
A nuvem é um véu
E o sol cor dos inajás
A brisa não se encerra
Em cima da rica serra
Dos valentes Carajás.
O grande trem vai partindo
Na distância sumindo
Estremecendo este chão
Deste grande império
Vai levando o minério
Para o Maranhão.
É neste belo ensejo
Que de cima vejo
Os anajazeiros
Destes vales multicores
Me encantam as flores
Dos coloridos ipeseiros.
Canto da araponga
Pela floresta longa
Retine na serra
Estou no meio da nuvem
Com as plantas que surgem
Do seio férreo da serra.
Mais perto do céu
Eu fico ao léu
Distante do mar
Olho para o infinito
Este azul tão bonito
Não posso levar.
Sou o último índio
De uma nação se extinguindo
Vigilantes tajás
Só restou-me a guerra
Defendendo a serra
Dos valentes Carajás.
O AMANHECER
Autor: Graciliano Ramos
O sol adentro invadiu pela janela
Ouvi o triste som do sino da capela
O violeiro entoou sua Aquarela
O velho Chico desenrola a vela
A Margarida passa mais bela
O vento forte sacudiu a saia dela.
A saracura canta no igarapé
Tapioqueiro vem gritando a pé
Vou comprar pão na baiuca do seu Zé
Seu prefeito abre a janela do chalé
Vi a fumaça saindo da chaminé
Por onde passo sinto cheiro de café.
Ouvi o padre rezando Ave Maria
Da janela tomei bênção da titia
É maré alta, é maré baixa, é maresia
Este veleiro já é minha moradia
O pescador faz a hora, faz o dia
O vento norte é que me leva pra Vigia.
O carimbó na eletrola
Tocando uma velha viola
O cego pede esmola
O aluno passa pra escola
Chutando uma bola
Que no mangue se atola.
Nessa manhã que encanta
O galo que canta
Para o Sol que aponta
O Chico se espanta
E Maria se levanta
Ainda um pouco tonta.
Rompeu a aurora
Já está na hora
A criança chora
O barco lá fora
O Chico implora
Maria não vá embora!
É dia, é hora!
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
O RETIRANTE
Autor: Graciliano Ramos
Botou o pé na estrada
Sua mãe lhe abençoou
Nesta longa caminhada
Com saudade da terra amada
Outro rumo ele tomou.
A viola no pescoço
O chapéu de barbicacho
Ele ainda muito moço
Curtindo o alvoroço
Do sertão de cabra macho.
Naquele seco sertão
O sol a pino escaldante
A poeira cobria o chão
Porém não foi tão em vão
O destino do viajante.
Uma cabaça com água
Um pedaço de rapadura
Os olhos rasos d’água
O coração cheio de mágoa
Segue em busca de aventura.
No meio da caatinga
Ouve o chocalho da cascavel
Olha a bica que nem pinga
Vê as pegadas na tabatinga
De um cavalo a tropel.
A tarde indo embora
Ao canto da acauã
O medo do caipora
Ele conta cada hora
À espera do amanhã.
Tão distante o galo canta
Ele marca a direção
De repente se levanta
Pés no chão se adianta
Como um faminto cão.
Prossegue o retirante
A sua vista não falha
Da tiririca cortante
Ele vê tão distante
Uma casa de palha.
A moça levanta e para
Traz no semblante o sentimento
Seu marido lhe deixara
O viajante vê em sua cara
As marcas do sofrimento.
Ela a roupa enxágua
Deixando a gamela no chão
Vai ao pote tirar água
Esquecendo a sua mágoa
E lhe oferece com satisfação.
E viveram felizes para sempre!
O PEQUENO GRANDE HOMEM
Autor: Graciliano Ramos
Sou pequeno grande homem
Peito avante varonil
Salve! Salvem as crianças
Deste rico pobre Brasil!
País rico povo pobre
Serras de ouro moeda de cobre!
DEPOIS DO BANHO DE MAR
Autor: Graciliano Ramos
Depois do banho de mar
Aprecio o colorido
Você veste o seu vestido
Azul do infinito.
Depois do banho de mar
Você chega de mansinho
Me abraça com carinho
Eu deito e rolo no seu ninho.
Depois do banho de mar
Uma mesa arrumada
A minha rede atada
Para nós dois minha amada.
Depois do banho de mar
Tem a brisa do entardecer
À noite vou te aquecer
Pois vivo pra te querer.
Depois do banho de mar
Somos recém-casados
Eternos enamorados
No trapiche a passear.
Depois do banho de mar
Deixa o sereno molhar
Deixa a lua clarear
Pois nasci pra te amar
Depois do banho de mar..
Trapiche da Vila (FOTO: Eduardo Anselmo – 2010)
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Cachos de Açai
Me envolvendo neste corpo gentil
Um cão que rosna farejando sua caça
Um tucano fugitivo da fumaça
Sobrevoando este pedaço de Brasil.
Quando escuto este teu suave canto
E o chiado dos teus passos neste chão
O teu perfume seca o rio do meu pranto
A tua voz me desperta deste encanto
O teu sorriso afugenta a solidão.
Tu te embrenhas por esta noite calada
E a mim surges sem medo da escuridão
A mãe da lua canta para a madrugada
Chegas sorrindo como a flor desabrochada
E me estremeces com essa febre de paixão.
Minha morena no seio da mata virgem
Eu te espero no pé de taperebá
As retinas dos teus olhos me atingem
E teus cabelos negros de fuligem
Cachos de açaí onde canta o sabiá.
Mas me entristeces quando finda a madrugada
Fico pensando quando voltarás aqui
Desapareces na curva da longa estrada
A minha mente fica toda embaraçada
E amanheço com o cantar do bem-te-vi.
Açaizeiros (FOTO: Wanzeller, 2010).